Tatiana
Belinky (1919-2013)
Nasceu em São
Petersburgo (Rússia) no dia 18 de março de 1919. Morreu em São Paulo em 15 de
junho de 2013. Aos dezoito anos começou a trabalhar como
secretária-correspondente bilíngüe (Português e Inglês). No ano de 1948, começa
a trabalhar em adaptações, traduções e criações de peças infantis para a
Prefeitura de São Paulo em parceria com o marido. Em 1987 publicou o primeiro
livro: "Limeriques", pela editora FTD, baseando-se nos limericks
irlandeses. Suas obras receberam vários prêmios literários, entre eles o
Jabuti, em 1989.
OBRAS:
Crônica - Acontecências,
2002.
Infanto-juvenis - Medroso!
Medroso!, 1985; Stanislau, 1986; Que horta!, 1987; Represália de bicho, 1988; Quatro amigos,
1990; Saladinha de queixas, 1991;
Rimandinho, 1992; O que eu quero, 1993; Quem parte reparte, 1994; Quem
casa quer casa?, 1995; Que tal?, 1996; Diversidade, 1999; Estorinha de caçador,
2000; Sou do contra, 2001; Vrishadarbha
e a pomba, 2002; Rita, Rita, Rita!, 2003; Trazido pela rede, 2004; Tudo bem! Ou
não?, 2005.
Memória - Transplante de
menina, 1989.
II – O TEXTO:
“E foi nessa avenida Rio Branco que
tivemos a nossa primeira impressão – e que impressão! – do carnaval brasileiro.
Eu já tinha ouvido falar em carnaval: na Europa, era famoso o carnaval de Nice,
na França, com a sua decantada batalha de flores; e o carnaval de Veneza, mais
exuberante, tradicional, com gente fantasiada e mascarada dançando e cantando
nas ruas. E havia também os luxuosos, e acho que “comportados”, bailes de
máscaras, em muitas capitais europeias. Eu já ouvira falar em fasching,
carnevale, Mardi Gras – vagamente. Mas o que eu vi, o que nós vimos, no Rio de
janeiro, não se parecia com nada que eu pudesse sequer imaginar nos meus sonhos
mais desvairados.
Aquelas multidões enchendo toda a
avenida, aquele “corso” – o desfile interminável e lento de carros, pára-choque
com pára-choque, capotas arriadas, apinhados de gente fantasiada e animadíssima.
Todo aquele mundaréu de homens, mulheres, crianças, de todos os tipos, de todas
as cores, de todos os trajes – todos dançando e cantando, pulando,
saracoteando, jogando confetes e serpentinas que chegavam literalmente a
entupir a rua e se enroscar nas rodas dos carros… E os lança-perfumes, que que
é isso, minha gente! E os “cordões”, os “ranchos”, os “blocos de sujos” – e
todo o mundo se comunicando, como se fossem velhos conhecidos, se tocando,
brincando, flertando – era assim que se chamavam os namoricas fortuitos, a
paquera da época -, tudo numa liberdade e descontração incríveis, especialmente
para aqueles tempos tão recatados e comportados… (…)
E pensar que a gente não compreendia
nem metade do que estava acontecendo! Todo aquele alarido, todas aquelas luzes,
toda aquela agitação, toda aquela alegria desenfreada – tudo isso nos deixou
literalmente embriagados e tontos de impressões e sensações, tão novas e tão
fortes que nunca mais esqueci aqueles dias delirantes. Vi muitos carnavais
depois daquele, participei mesmo de vários, e curti-os muito. Mas nada, nunca
mais, se comparou com aquele primeiro carnaval no Rio de Janeiro, um banho de
Brasil, inesquecível…”
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. Disponível em:
http://abr-casa.com.br/blog/te-indico-um-livro/2013/06/17/transplante-de-menina-valeu-tatiana-belinky/
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