Projeto Memorias

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

JÚLIO VERNE

 
Júlio Verne, em francês Jules Verne (1828-1905)
Nasceu em Nantes a 8 de fevereiro de 1828 e morreu em  Amiens a 24 de março de 1905. Foi o filho mais velho de uma família formada por cinco filhos, pai e mãe. Seu pai, Pierre Verne, era advogado e sua mãe, Sophie Allote de la Fuÿe, era de uma família burguesa de Nantes 2. Para muitos críticos literários o escritor é o precursor do gênero de ficção científica, haja vista suas  predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, as máquinas voadoras e viagem à lua. Verne é um dos escritores mais traduzidos em toda a história da literatura universal, tendo sido traduzido para 148 idiomas. Também teve seus livros – mais de 100 obras – adaptados para TV e cinema por diversas vezes.

Obras:



II – O TEXTO:

Desespero e Escuridão
 
[...]  Tudo corria bem, até que algo muito grave aconteceu comigo. Foi assim: no dia 7 de agosto, atingimos um trecho do túnel que era pouco mais inclinado. Eu ia na frente, seguido por meu tio. De repente, ao me virar, estava sozinho. Talvez tivesse andado muito depressa e resolvi voltar para alcançar meus companheiros. Andei durante quinze minutos e não os encontrei. Chamei por eles e não obtive resposta. Andei mais meia hora. Um silêncio medonho reinava na galeria. Lembrei-me do riacho. Bastaria voltar acompanhando seu curso, e certamente encontraria a pista dos meus companheiros. Abaixei-me para tocar a água e descobri que estava tudo seco. O córrego havia sumido.
Entrei em desespero. Morreria de sede e fome! O córrego devia ter seguido outro caminho. Não havia uma única pista para poder voltar. Eu estava perdido nas entranhas da terra. Tentei pensar em outras coisas, como a nossa casa em Hamburgo, minha querida Grauben, meu tio, que a essa altura devia estar desesperado à minha procura. Rezei para encontrar uma saída. Eu ainda tinha alimento e água para três dias. Precisava fazer alguma coisa, mas não sabia se devia subir ou descer. Resolvi subir. Precisava encontrar o córrego. Subi, mas não reconheci o caminho. Tive certeza de que aquela galeria não me levaria a lugar nenhum. Desesperado, sem enxergar direito e muito nervoso, bati contra uma parede e caí. Algum tempo depois, acordei perdido num labirinto de curvas. Minha lanterna estava amassada, com a luz fraca. A qualquer momento, poderia se apagar. Meu desespero aumentou. Comecei a correr naquele labirinto sem saída, chamando, gritando, uivando, batendo contra as rochas. Depois de algumas horas, caí novamente e perdi a consciência.
Quando recobrei os sentidos, percebi que estava machucado. Nunca senti uma solidão tão grande em toda a minha vida. Ia desmaiar novamente, quando ouvi um ruído forte em algum lugar daquele abismo. Talvez fosse a explosão de algum gás ou uma pedra caindo. Depois o silêncio voltou a reinar.

VERNE, Júlio. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Scipione, 2004. Páginas 29-32

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