Júlio Verne, em francês Jules
Verne (1828-1905)
Nasceu em Nantes a 8 de fevereiro de 1828 e morreu em Amiens a 24 de março de 1905. Foi o filho mais velho de uma
família formada por cinco filhos, pai e mãe. Seu pai, Pierre Verne, era advogado
e sua mãe, Sophie Allote de la Fuÿe, era de uma família burguesa de Nantes 2. Para muitos críticos literários o escritor é o precursor do
gênero de ficção científica, haja vista suas
predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos,
como os submarinos, as máquinas voadoras e viagem à lua. Verne é um dos escritores mais traduzidos em toda a
história da literatura universal, tendo sido traduzido para 148 idiomas. Também
teve seus livros – mais de 100 obras – adaptados para TV e cinema por diversas
vezes.
Obras:
Cinco semanas em um
balão, 1863; Viagem ao
centro da terra, 1864; Da Terra à Lua, 1865; Os Filhos do
Capitão Grant, 1866;
Viagem a Lua, 1869; Vinte mil
léguas submarinas, 1870; Os
conquistadores, 1870; Uma
cidade flutuante, 1871; Três
russos e três ingleses, 1872; A
volta ao mundo em oitenta dias, 1872; A ilha misteriosa, 1873; Martin
Paz, 1874; Miguel Strogoff, o correio
do czar, 1876; Um capitão de
quinze anos, 1878; História
das grandes viagens e dos grandes viajantes, 1878; As
atribulações de um chinês na China, 1879; A jangada, 1880; A
casa a vapor, 1880; A escola dos
Robinsons, 1882; Os
piratas do arquipélago, 1883; Kerabán,
o teimoso, 1883; A
estrela do Sul, 1884; Matias
Sandorf, 1885; Robur, o conquistador, 1886; O
caminho da França, 1887; Dois anos de férias, 1888; A esfinge dos gelos, 1895; O
segredo de Wilhelm Storitz, 1898
(revisado em 1901 e publicado somente em 1985); Os
irmãos Kip, 1902; O
senhor do mundo, 1904.
II – O TEXTO:
Desespero e Escuridão
[...] Tudo corria bem, até que algo muito grave aconteceu comigo. Foi assim: no dia 7 de agosto, atingimos um trecho do túnel que era pouco mais inclinado. Eu ia na frente, seguido por meu tio. De repente, ao me virar, estava sozinho. Talvez tivesse andado muito depressa e resolvi voltar para alcançar meus companheiros. Andei durante quinze minutos e não os encontrei. Chamei por eles e não obtive resposta. Andei mais meia hora. Um silêncio medonho reinava na galeria. Lembrei-me do riacho. Bastaria voltar acompanhando seu curso, e certamente encontraria a pista dos meus companheiros. Abaixei-me para tocar a água e descobri que estava tudo seco. O córrego havia sumido.
Entrei em desespero. Morreria de sede e fome! O córrego devia ter seguido outro caminho. Não havia uma única pista para poder voltar. Eu estava perdido nas entranhas da terra. Tentei pensar em outras coisas, como a nossa casa em Hamburgo, minha querida Grauben, meu tio, que a essa altura devia estar desesperado à minha procura. Rezei para encontrar uma saída. Eu ainda tinha alimento e água para três dias. Precisava fazer alguma coisa, mas não sabia se devia subir ou descer. Resolvi subir. Precisava encontrar o córrego. Subi, mas não reconheci o caminho. Tive certeza de que aquela galeria não me levaria a lugar nenhum. Desesperado, sem enxergar direito e muito nervoso, bati contra uma parede e caí. Algum tempo depois, acordei perdido num labirinto de curvas. Minha lanterna estava amassada, com a luz fraca. A qualquer momento, poderia se apagar. Meu desespero aumentou. Comecei a correr naquele labirinto sem saída, chamando, gritando, uivando, batendo contra as rochas. Depois de algumas horas, caí novamente e perdi a consciência.
Quando recobrei os sentidos, percebi que estava machucado. Nunca senti uma solidão tão grande em toda a minha vida. Ia desmaiar novamente, quando ouvi um ruído forte em algum lugar daquele abismo. Talvez fosse a explosão de algum gás ou uma pedra caindo. Depois o silêncio voltou a reinar.
VERNE, Júlio. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Scipione, 2004. Páginas 29-32
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