Lewis Carrol (1832-1898)
Charles Lutwidge Dodgson era seu nome de batismo. Mas ficou
conhecido mesmo foi como Lewis Carrol. Nasceu em Daresbury, Inglaterra, no dia
27 de janeiro de 1832. Faleceu em Guildford, Inglaterra, no dia 14 de janeiro
de 1898. Foi escritor e matemático e um dos precursores da poesia de vanguarda. Era filho de um clérico de província. Estudou no Christ College,
em Oxford, recebendo o diploma de matemático em 1845. Permaneceu em Oxford até
1881, trabalhando como professor e conferencista. A partir de 1851 começa a desenhar e fotografar crianças. Em 1862,
ao passear de barco com as meninas Alice, Edite e Lorina, da família Liddell,
começou a criar a história "Alice no País das Maravilhas", publicada
em 1865. Em seguida escreveu "Alice Através do Espelho", publicada em
1872, onde o tema é uma partida de xadrez e os personagens são as peças do
jogo.
Ao criar os personagens de "Alice no País das
Maravilhas" baseou-se em pessoas da sociedade e da aristocracia da
Inglaterra. Há quem afirme que a “Rainha do Pais das Maravilhas” era a Rainha
Vitória.
Obras:
Alice no País das Maravilhas, 1865; Alice no país do espelho, 1872; Algumas Aventuras de Silvia e Bruno, s/d; Rimas do país das
maravilhas, s/d; A caça ao turpente, s/d e Obras escolhidas, s/d.
II – O TEXTO:
Capítulo I - Para baixo na toca do coelho
Alice estava começando a ficar muito cansada de estar sentada ao
lado de sua irmã e não ter nada para fazer: uma vez ou duas ela dava uma
olhadinha no livro que a irmã lia, mas não havia figuras ou diálogos nele e
“para que serve um livro”, pensou Alice, “sem figuras nem diálogos?”
Então, ela pensava consigo mesma (tão bem quanto era possível
naquele dia quente que a deixava sonolenta e estúpida) se o prazer de fazer um
colar de margaridas era mais forte do que o esforço de ter de levantar e colher
as margaridas, quando subitamente um Coelho Branco com olhos cor-de-rosa passou
correndo perto dela. Não havia nada de muito especial nisso, também Alice não achou
muito fora do normal ouvir o Coelho dizer para si mesmo “Oh puxa! Oh puxa! Eu
devo estar muito atrasado!” (quando ela pensou nisso depois, ocorreu-lhe que
deveria ter achado estranho, mas na hora tudo parecia muito natural); mas,
quando o Coelho tirou um relógio do bolso do colete, e olhou para ele,
apressando-se a seguir, Alice pôs-se em pé e lhe passou a idéia pela mente como
um relâmpago, que ela nunca vira antes um coelho com um bolso no colete e menos
ainda com um relógio para tirar dele. Ardendo de curiosidade, ela correu pelo
campo atrás dele, a tempo de vê-lo saltar para dentro de uma grande toca de
coelho embaixo da cerca.
No mesmo instante, Alice entrou atrás dele, sem pensar como faria
para sair dali.
A toca do coelho dava diretamente em um túnel, e então
aprofundava-se repentinamente. Tão repentinamente que Alice não teve um momento
sequer para pensar antes de já se encontrar caindo no que parecia ser bastante
fundo. Ou aquilo era muito fundo ou ela caía muito devagar, pois a menina
tinha muito tempo para olhar ao seu redor e para desejar saber o que iria acontecer
a seguir. Primeiro, ela tentou olhar para baixo e compreender para onde estava
indo, mas estava escuro demais para ver alguma coisa; então, ela olhou para os
lados do poço e percebeu que ele era cheio de prateleiras: aqui e ali ela viu
mapas e quadros pendurados em cabides. Alice apanhou um pote de uma das
prateleiras ao passar: estava etiquetado “GELÉIA DE LARANJA”, mas para seu
grande desapontamento estava vazio: ela não jogou o pote fora por medo de
machucar alguém que estivesse embaixo e por isso precisou fazer algumas
manobras para recolocá-lo em uma das prateleiras.
“Bem”, pensou Alice consigo mesma. “Depois de uma queda dessas, eu
não vou achar nada se rolar pela escada! Em casa eles vão achar que eu sou
corajosa! Porque eu não vou falar nada, mesmo que caia de cima da casa!” (O que
era provavelmente verdade).
CARROL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Disponível em http://www.ebooksbrasil.org
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